A doutrina da tripartição da culpa: uma visão contemporânea

Autores

  • Bruno Leonardo Câmara Carrá

Palavras-chave:

Responsabilidade civil, Doutrina da gradação da culpa, Direito Romano e Medieval, Racionalismo jurídico, Culpa em concreto e abstrato, Direito comparado, Estimação variada da culpa

Resumo

O presente artigo tem por objeto a tradi- cional doutrina da tripartição da culpa. Realiza-se, inicialmente, uma análise de sua evolução histórica a partir do Direito Romano, onde estão suas origens e, posteriormente, seu desenvolvimento sistemático durante a Idade Média. Em seguida, apresenta-se o movimento de declínio da doutrina ocorrida com o racionalismo jurídico. Várias foram as críticas for- muladas sobre sua funcionalidade até que ela fosse finalmente desconstruída e, em seu lugar, surgisse um conceito unitário e abstrato de culpa. Por fim, procura-se demonstrar que, nada obstante o dis- curso de negação da existência de graus de culpa, é mais aparente que real, na medida em que vários ordenamentos jurídicos, embora predicando um cri- tério uniforme para conceituá-la, admitem regras de atenuação que, sob um enfoque moderno, ainda permitiriam a conclusão que, na prática, ainda se realizam nivelamentos sobre a culpa a fim de pro- mover a Justiça de forma adequada.

Referências

ALPA, Guido. La responsabilità civile: principi. Turim: UTET Giuridica, 2010.

ALPA, Guido; BESSONE, Mario. La responsabilità civile. 3 ed. Atual. Pietro Maria Putti. Milão: Giuffrè, 2001.

ANTUNES VARELA, João de Matos. Das obrigações em geral. 10. ed., 2000. v. 1.

ARANGIO-RUIZ, Vincenzo. Responsabilità contratttuale in diritto romano. 2. ed. Napoli: Jovene, 1958.

BACACHE-GIBEILI, Mireille. Droit civil: les obligations la responsabilité civile extracontractuelle. Paris: Economica, 2007. t. V.

BERGER, Adolf. Encyclopedic dictionary of roman law. Clark: The Lawbook Exchange, 2008.

BONVICINI, Eugenio. Responsabilità civile. Milano: Giuffrè, 1971. v. 1.

BUCKLAND, William. Roman Law & Common Law: a comparison in outline. 2. ed. Cambridge: Cambridge University, 1952.

BUSTAMENTE ALSINA, Jorge. Teoría general de la responsabilidad civil. 9. ed. Buenos Aires: Abeledo-Perrot, 2007.

CALIXTO, Marcelo Junqueira. A culpa na responsabilidade civil: estrutura e função. Rio de Janeiro: Renovar, 2008. p. 14-15.

CARINGELLA, Francesco; DE MARZO, Giuseppe. Manuale di diritto civile: ii le obbligazioni. 2. ed. Milano: Giuffrè, 1954.

DEMOGUE, René. Traité des obligations en général. Paris: Librairie Arthur Rousseau, 1931. t. III.

DE PAGE, Henri. Traité élementaire de droit civil belge. Les incapables. Les obligations. 2. ed. Bruxelles: Bruylant, 1940.

DE RUGGIERO, Roberto. Instituições de direito civil: direito das obrigações, direito hereditário. Trad. Ary dos Santos. São Paulo: Saraiva, 1934. v. 3.

DESCHEEMAEKER, Eric. The division of wrongs: a historical comparative study. Oxford: Oxford Press, 2009.

DE WERRA, Jacques. Droit des contrats. Partie générale et contrats spéciaux. Journal des Tribunaeux II, Droit civil, poursuite pour dettes et faillites et procédure civile, v. 160, n. 5, p. 257. 2012 (Disponível em: [http://archive-ouverte.unige.ch/unige:21797]. Acesso em : 11.04.2016).

ENGEL, Pierre. Traité des obligations en droit suisse. Dispositions générales du CO. 2. ed. Berne: Staempfili, 1997.

GILMORE, Grant. The death of contract. 2. ed. Columbus: Ohio University, 1995.

GODOY, Claudio Luiz Bueno de. Art. 944. In: PELUSO, Cezar (Coord.). Código Civil comentado: doutrina e jurisprudência. 5. ed. Barueri: Manole, 2011.

GOMES, Orlando. Obrigações. 10. ed. Atualizada por Humberto Theodoro Junior. Rio de Janeiro: Forense, 1995.

LA TORRE, Antonio. Cinquant’anni col Diritto. Milano: Giuffrè, 2008.

LE BRUN. Essai sur la préstation des fautes. Paris: Antoine Bavoux, 1813. (fac símile).

MAGANZANI, Lauretta. La diligentia quam suis del depositario dal diritto romano alle codificazione nazionale. Collana dela Rivista di Diritto Romano, p. 67. Disponível em: [www.ledonline.it/rivistadirittoromano/allegati/Maganzani_3_4-5-6.pdf]. (Acesso em: 10.04.2016).

MAZEAUD, Henri; MAZEAUD; Léon; MAZEAUD, Jean; CHABAS, François. Leçons de droit civil: obligations theorie générale. 9. ed. Paris: Montchrestien, 1998. v. 1. t. 2.

MORAES, Maria Celina Bodin de. Danos à pessoa humana: uma leitura civil-constitucional dos danos-morais. Rio de Janeiro: Renovar, 2009.

MOREIRA ALVES, José Carlos. Curso de direito romano. Rio de Janeiro: Forense, 2003. v. I.

MOSSET ITURRASPE, Jorge. Responsabilidad por daños: parte general. Buenos Aires: Rubinzal Culzoni, 2004, t. I.

PLANIOL, Marcel. Traité élementaire de droit civil: les preuves, théorie générale des obligations, les contrats, privilèges et hypothèques. 5ème éd. Paris: Librairie Générale de Droit et Jurisprudence, 1909. t. II.

POTHIER, Robert Joseph. Tratado de las obligaciones. Trad. Guillermo Cabanellas de Torres. 2. ed. Buenos Aires: Heliasta, 2007.

RAMOS PAZO, René. De las obligaciones. Santiago: Jurídica de Chile, 1999.

RIPERT, Georges. La règle morale dans les obligations civiles. 4. ed. Paris: LGDJ, 1949.

RIPERT, Georges; BOULANGER, Jean. Tratado de derecho civil: según el tratado de Planiol. Trad. Delia Garcia Daireaux. Buenos Aires: La Ley, 2002. t. V.

ROCHA, Maria Vital da; DIAS, Eliza Cristina Gonçalves. O critério da diligentia quam in suis no direito romano e no Código Civil brasileiro. Revista de Direito Civil Contemporâneo. , v. 6, ano 3, p. 75-88. Jan.-mar. 2016.

RODRIGUES, Silvio. Direito civil: responsabilidade civil. 20. ed. São Paulo: Saraiva, 2003. v. 4.

SANTUCCI, Gianni. “Diligentia”, “custodia”, “culpa” i dati fondamentali. Studia et Documenta Historiae et Iuris. Roma, v. LVI, p. 29. 1990).

SANFILIPPO, Cesare. Istituzioni di diritto romano. 10. ed. Soveria Mammeli: Rubbertino, 2002.

SCIALOJA, Antonio; BRANCA, Giuseppe; GALGANO, Francesco. Commentario del Codice Civile. Bolonha: Zanichelli, 1964.

SERPA LOPES, Miguel Maria de. Curso de direito civil: obrigações em geral. Atual. José Serpa Santa Maria. 6. ed. Rio de janeiro: Freitas Bastos, 1995. v. 2.

TESCARO, Mauro. A previsibilidade do dano segundo a Convenção de Viena (e não somente?). Trad. Naiara Posenato. Revista de Direito Civil Contemporâneo. , v.6, ano 3, p. 197-224. Jan.-mar. 2016.

VALDITARA, Giuseppe. Damnun iniuria datum. Turim: G. Giappichelli, 2005.

VERONESE, Benedetta. L’utilitas contrahentum nei contratti reali gratutti in diritto romano classico: um modello di responsabilità. Tese (Doutorado em Direito) – Università degli Studi de Padova, Padova, [s. d.]. p. 7. (Disponível em [http://paduaresearch.cab.unipd.it/4367/1/Tesi_PDF_unita.pdf]. Acesso em: 19.03.2016).

VINEY, Geneviève. Introduction à la responsabilité. 3. ed. Paris: LGDJ, 2008.

VOCI, Pasquale. Diritto romano e diritti europei. Continuità e discontinuità nelle figure giuridiche. Bologna: Il Mulino, 2010.

SAVATIER, René. Traité de la responsabilite civile en droit français: les sources de la responsabilité civile. 2ème. ed. Paris: Librairie Générale de Droit et de Jurisprudence, 1951. t. I.

SHAPO, Marshall. Principles of tort law. 4. ed. St. Paul: West Academic, 2016.

SCHREIBER, Anderson. Novos paradigmas da responsabilidade civil: da erosão dos filtros da reparação à diluição dos danos. São Paulo: Atlas, 2007.

ZIMMERMANN, Reinhard. The law of obligation: roman foundations of the civilian traditions. Cape Town: Juta & Co., 1992.

Downloads

Publicado

2018-04-17

Edição

Seção

Doutrina Nacional