Doação de ascendente para descendente gravada com usufruto e cláusulas restritivas

Autores

  • Léia Comar Riva

Palavras-chave:

Direitos reais, Direito das obrigações, Inalienabilidade, Intransmissibilidade, Impenhorabilidade

Resumo

A lei autoriza que o doador e o testador estipulem restrições à doação, ao legado ou à herança, impondo-lhes o gravame da inalienabilidade, da incomunicabilidade e/ou da impenhorabilidade. Além disso, é possível conjugar a doação ao direito real de usufruto. Isto ocorre quando os pais doam bem imóvel ao filho, porém reservam para si, enquanto viverem, o respectivo usufruto; ao mesmo tempo, gravam o bem doado com os referidos vínculos das cláusulas restritivas. A presente pesquisa objetiva examinar a incidência e a aplicabilidade das cláusulas restritivas de inalienabilidade, impenhorabilidade e incomunicabilidade nas doações de bens imóveis feitas por ascendente para descendente quando há reserva de usufruto e contribuir para a reflexão acerca desses institutos conforme disposto no Direito Romano, no Código Civil de 1916 e no Código Civil de 2002, com vista a mostrar a construção e o pensamento doutrinário e jurisprudencial que delineiam in casu o atual panorama jurídico nesse primeiro quartel do século XXI. O procedimento metodológico constitui-se de pesquisas bibliográfica e documental, fundadas na discussão teórica do material levantado e da análise interpretativa.  Após a análise, verifica-se - por meio do retrato histórico - que tanto a imposição das cláusulas restritivas quanto a doação de ascendente para descendente com a reserva de usufruto desafiam o tempo e, ainda, mostram-se atuais e necessárias para garantir a vontade própria daquele que, pensando na família, quer por mera benevolência, quer por receio de má administração ou prodigalidade de um de seus membros, assegurar a inalienabilidade, a intransmissibilidade e a impenhorabilidade do bem cedido.  À guisa de conclusão, os dados apontam que o tema apresenta grande relevância na prática e que existem duas interpretações para a flexibilização ou não das cláusulas restritivas, sendo uma que considera a possibilidade de relativização e outra que a afasta.

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Biografia do Autor

Léia Comar Riva

Estágio pós-doutoral em Direito pela Universidade de Coimbra – Ius Gentium Conimbrigae – Centro de Direitos Humanos – Faculdade de Direito (UC-FD) – Portugal. Doutora em Direito Civil pela Faculdade de Direito do Largo de São Francisco – Universidade de São Paulo. Mestre em Ciências (FFCLRP-USP). Professora Efetiva de Direito Civil: Família e Sucessões do Curso de Direito e de Especialização em Direitos Humanos da Universidade Estadual de Mato Grosso do Sul (UEMS), Unidade Universitária de Paranaíba-MS. Pesquisadora e líder do Grupo de Estudo e Pesquisa GREDIFAMS. 

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Publicado

2025-01-20

Como Citar

COMAR RIVA , Léia. Doação de ascendente para descendente gravada com usufruto e cláusulas restritivas. Revista de Direito Civil Contemporâneo , [S. l.], v. 39, n. 11, p. 225–244, 2025. Disponível em: https://ojs.direitocivilcontemporaneo.com/index.php/rdcc/article/view/1506. Acesso em: 14 maio. 2025.

Edição

Seção

Doutrina Nacional