O consentimento informado na teor ia das obrigações

Autores

  • Éfren Paulo Porfírio de Sá Lima

Palavras-chave:

Relação médico-paciente, Consentimento informado, Direito privado, Direito das obrigações, Ordenamento jurídico brasileiro

Resumo

Este artigo examina os deveres que compõem o processo de consentimento informado em saúde, levando em consideração o direito das obrigações no contexto do Direito Civil e suas implicações teóricas. Este trabalho considera que o consentimento informado implica um denominado “programa de prestação”, entendido como um conjunto de deveres que devem ser cumpridos pelo médico. Ao analisar o referido programa de prestação do ponto de vista das categorias das obrigações envolvidas, pode-se verificar que o próprio consentimento informado se torna um tipo de obrigação que não só pode ser classificada como objetivamente complexa, mas que tem um objetivo simples. Do ponto de vista do médico, seu dever de fornecer ao paciente informações clínicas claras e suficientes, bem como seu dever de se abster de prestar cuidados sem ou contra o consentimento do paciente, podem ser classificados como obrigações divisíveis e orientadas para um objetivo. Assim, em cada etapa de qualquer análise jurídica relativa ao consentimento informado, essas obrigações separadas devem ser consideradas e tratadas de acordo com o quadro jurídico adequado aplicável a cada uma delas. Por outro lado, do ponto de vista do paciente, a decisão de aceitar ou não a atuação do profissional médico equivale à aceitação da parte obrigada como requisito essencial para a formação do contrato.

   

Biografia do Autor

Éfren Paulo Porfírio de Sá Lima

Doutor (sobresaliente cum laude) em Direito Civil pela Universidade de Salamanca (Espanha). Grau de Salamanca (sobresaliente cum laude) em Direito Privado – Universidade de Salamanca (2011). Diploma de Estudos Avançados em Direito Civil – Universidade de Salamanca (2011). Professor Adjunto de Direito Civil do Departamento de Ciências Jurídicas da Universidade Federal do Piauí – UFPI. Coordenador do Programa de Pós-Graduação em Direito da UFPI.

 

Referências

ATAZ LOPEZ, Joaquín. Los médicos y la responsabilidad civil. Madrid: Montecorvo, 1985.

BAUDRY-LACANTINERIE, Gabriel; BARDE, Louis-Joseph. Traitè théorique et pratique de droit civil. 3. ed., Paris: Larose et Tenin, 1907. v. 12.

BELTRAN AGUIRRE, Juan Luis. La relación médico-paciente en situaciones de riesgo grave, de enfermedad invalidante e irreversible, y en el proceso del final de la vida: supuestos y respuestas bioéticas y jurídicas. Revista Aranzadi Doctrinal, n. 6, p. 81-100, jun. 2011.

CARNELUTTI, Francesco. Teoria generale del diritto. Trad. Antônio Carlos Ferreira. São Paulo: Lejus, 1999.

CHEPE RAMOS, Edgar E. Acto médico y el consentimiento informado. In: PARDO, Luís Carlos Beltrán (Coord.). Auditoria en Entidades de Salud. Colombia: Universidad Nacional de Colombia, 2010.

CHERTI, Stefano. L’obbligazione alternativa: Nozione e realtà applicativa. Torino: G. Giappichelli, 2008.

CORRÊA, Adriana Espíndola. Consentimento livre e esclarecido: o corpo objeto de relações jurídicas. Florianópolis: Conceito, 2010.

CRISTÓBAL MONTES, Ángel. La facultad de elección en las obligaciones alternativas: Nociones básicas y atribución subjetiva. Anuario de derecho civil, v. 47, n. 1, p. 5-29, jan.-mar./1994.

CRISTÓBAL MONTES, Ángel. Las obligaciones alternativas. Barcelona: Bosch, 1992.

DE PAGE, Henri. Traité élémentaire de droit civil belge. 2. ed., Bruxelas: Bruylant, 1942. v. 3.

DEMOGUE, René. Traité des obligations en general. Paris: Librairie Arthur Rousseau, t. 5, 1925.

DIAS PEREIRA, André Gonçalo. O consentimento informado na relação médico-paciente. Coimbra: Coimbra Editora, 2004.

DIEZ-PICAZO, Luís. Fundamentos de derecho civil patrimonial: introducción, teoria del contrato, las relaciones obligatorias. Madrid, Tecnos, 1970, v. 1.

EGUSQUIZA, Maria Ángeles. La configuración jurídica de las obligaciones negativas. Barcelona: Bosch, 1990.

FACCHINI NETO, Eugênio. O maior consenso possível: o consentimento informado sob o prisma do direito comparado. Revista de Direito Civil Contemporâneo, v. 4, n. 2, p. 53-105, jul.-set./2015.

GALÁN CORTÉS, Julio Cesar. Responsabilidad civil médica, 2. ed., Madrid: Civitas, 2007.

GOMES, Orlando. Obrigações. 16. ed. atual. por Edvaldo Brito. Rio de Janeiro: Forense, 2019.

GONZÁLEZ LEÓN, Carmen. La protección del paciente y el consentimiento informado. Separata de: Lex Medicinae - Revista Portuguesa de Direito da Saúde, ano 6, n. 12, 2009, 38p., jul.-dez./2009.

HEREDIA Y CASTAÑO, José Beltrán de. El cumplimiento de las obligaciones. Madrid: Revista de Derecho Privado, 1956.

JORDANO FRAGA, Francisco. Obligaciones de medios y de resultado. Anuario de Derecho Civil, v. 44, n. 1, p. 5-96, jan.-mar/1991.

LARENZ, Karl. Derecho de obligaciones. Trad. Jaime Santos Briz. Madrid: Revista de Derecho Privado, 1958, t. 1.

LASARTE, Carlos. Derecho de obligaciones. 17. ed., Madrid: Marcial Pons, 2013.

LIMA, Éfren Paulo Porfírio de Sá Lima. El consentimiento informado: estudio comparativo de los sistemas español y brasileño de protección al paciente. Salamanca: Ratio Legis, 2017.

LIMONGI FRANÇA, Rubens. Manual de direito civil. 2. ed. São Paulo: Ed. RT, 1976. v. 4, t. I.

LISBOA, Roberto Senise. Manual de Direito Civil: obrigações e responsabilidade civil. 6. ed., São Paulo: Saraiva, 2012. v. 2.

LLAMAS POMBO, Eugenio. Doctrina general de la llamada culpa médica. In: Tercer Congresso Nacional de la Asociación Española de Abogados Especializados en Responsabilidad Civil y Seguro, Salamanca, 14 de noviembre de 2003.

LLAMBIAS, Jorge Joaquin. Manual de derecho civil: obligaciones. 11. ed., Buenos Aires Perrot, 1997.

MARTIN, Didier R. Diverses espèces d’obligations. In: CATALA, Pierre (coord.). Avant-projet de réforme du Droit des obligations et de la prescription. Paris: Ministère de la Justice, La Documentation Française, 2006.

MARTINEZ-PEREDA RODRIGUEZ, José Manuel. Las obligaciones facultativas en el Derecho español. Anuario de Derecho Civil, v. 25, n. 2, p. 475-538, abr.-jun/1972.

MONTEIRO, Washington de Barros. Curso de direito civil: direito das obrigações. 32. ed., São Paulo: Saraiva, 1993. v. 4.

MORILLAS CUEVA, Lorenzo. Aspectos penales del consentimiento informado. In: TOLEDO Y TOUBIETO, Emilio Octávio de; GURDIEL SIERRA, Manuel; CORTÉS BECHIARELLI, Emilio (Coord.). Estudios penales en recuerdo del profesor Ruiz Antón. Valencia: Tirant lo Blanch, 2004.

PARIZEAU, Marie-Hélène. Consentimento. In: HOTTOIS, Gilbert; MISSA, Jean-Nöel. Nova enciclopedia de bioética. Santiago de Compostela: Servizo de Publicacións e Intercambio Cientifico, 2005.

PEDRO, Rute Teixeira. A responsabilidade civil do médico: Reflexões sobre a noção de perda de chance e a tutela do doente lesado. Coimbra: Coimbra Editora, 2008.

PONTES DE MIRANDA, Francisco Cavalcanti. Tratado de direito privado: direito das obrigações e suas espécies, fontes e espécies das obrigações. Atual. por Nelson Nery Jr. e Rosa Maria de Andrade Nery. São Paulo: Ed. RT, 2012, t. 22.

PORTERO GARCÍA, Luís. Aspectos jurídicos sobre el consentimiento informado. Boletín de Información del Ministerio de Justicia, n. 1838, p. 149-155, feb. 1999.

ROBERTI, Michele. L’Obbligo del paziente nel contratto col chirurgo. Arc. Giur. F. Seraf., 4ª serie, v. XXXIII, 1937-XV.

RODRIGUES JR., Otávio Luiz. Autonomia da vontade, autonomia privada e autodeterminação: Notas sobre a evolução de um conceito na Modernidade e na Pós-modernidade. Revista de informação legislativa, v. 41, n. 163, p. 113-130, jul.-set./2004.

RODRÍGUEZ-CANO, Rodrigo Bercovitz. Las obligaciones divisibles e indivisibles. Anuario de Derecho Civil, v. 26, n. 2, p. 507-584, abr.-jun 1973.

SANDRINI, Enrico. La professione medica nella dottrina del diritto comune – secolo XIII-XVI, Roma: Cedam, 2008, v. 1.

SANTOS, Juarez Cirino dos; SANTOS, Cleopas Isaías; ALMEIDA NETO, João Beccon; SOUZA, Paulo Vinícius Sporleder de. Capacidade etária mínima para consentir no direito penal médico. Revista brasileira de ciências criminais, v. 88, p. 19-42, jan.-fev./2011.

SOARES, Flaviana Rampazzo. Consentimento do paciente no direito médico: validade, interpretação e responsabilidade. Indaiatuba, Foco, 2021.

SORDINI, Paolo Emanuele Rozo. Las obligaciones de medios y de resultado y la responsabilidad de los médicos y de los abogados en el derecho italiano. Revista de Derecho Privado, nº 4, 1999, Bogotá: Universidad Externado de Colombia, 1999.

UNIDROIT. Instituto Internacional para la Unificación del Derecho Privado. Principios UNIDROIT sobre los contratos comerciales internacionales 2010. Madrid: La Ley, 2012.

VAQUERO PINTO, María José. El arrendamiento de servicios: propuesta de modelo general para la contratación de servicios. Granada: Comares, 2005.

VELAZCO RAMOS, Carmen Beatriz. Regulación jurídica del deber de información previa al consentimiento en el aborto. Tesis (Doctorado en Derecho) - Universidad Complutense de Madrid, Facultad de Derecho, 2013.

VILLANUEVA LUPIÓN, Carmen. La distinción entre las obligaciones de medios y de resultado. Su operatividad en la configuración de la prestación de servicios. In: ______. El servicio como objeto de tráfico jurídico. Madrid: La Ley, 2009.

VON TUHR, Andreas. Tratado de las obligaciones. Madrid: Reus, 1934. t. 1.

WINDSCHEID, Bernardo. Diritto delle pandette. Torino: Unione Tipografico Editrice, 1904. v. 2.

ZIMMERMANN, Reinhard. The Law of obligations. Roman foundations of the civilian tradition. Oxford: Claredon Paperbacks, 1996.

Downloads

Publicado

2022-03-27

Edição

Seção

Doutrina Nacional